terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Texto da ajebiana Geni Prado, escritora e poeta

INSÔNIA INSANA
Geni Prado

       
        Vinte para as duas, não consigo dormir.
         Leio Kierkegaard e Hegel. Lembro que Sócrates já dizia: “Todo conhecimento está dentro de nós”.
         Kierkegaard! Gosto de você filósofo! Que já dizia: “Mais importante do que a busca de uma Verdade com letras maiúsculas era buscar por Verdades que são importantes para a vida de cada indivíduo. Somente quando agimos e, sobretudo quando fazemos uma escolha é que nos relacionamos com nossa própria existência”. Aqui filósofo! Você me pegou! Estive e estou em cima do muro. Não me aventurei a dar o pulo no mar do amor. Também, pudera! Ainda não sei nadar. Estou aprendendo bem devagar, dando sempre mais tempo ao tempo para não aprender de vez!
        Onde está minha Verdade? Qual a razão do meu posicionamento em manter-me distante do amor?
       Se eu seguir as pegadas de Sócrates vou encontrar a resposta.
        Meu sono está chegando. Vou passar essa tarefa ao meu inconsciente e apostar em Freud. Suponho que cheguei a uma conclusão: as águas representam nossas emoções. A imensidão do mar que nos fascina e nos amedronta, está também contida, reprimida e represada no meu inconsciente. Meu medo é ver as barreiras que eu construí serem rompidas pela força das águas. Isto acontecendo, perco o controle de minhas emoções. Vou ficar a mercê das águas revoltas. Entendendo o porquê do trauma e querendo enfrentá-lo, é só pular. Quem resolve suas problemáticas sem correr riscos?
        Tudo agora ficou bem claro com os primeiros raios de Sol entrando em meu quarto anunciando o amanhecer.
        Vou esperar o verão chegar para cair em águas quentes...
         Mudando agora de gato para avestruz, vou soltar meu rugido de leonina, sei que o leão lá no Oriente vai responder com seu gemido. Lágrimas de leão porque os crocodilos estão dormindo.                                      

Um comentário:

  1. Adorei! A mistura de sentimentos passado pela autora me levou a diversos lugares diferentes dentro do meu próprio "Eu". Dilemas e contradições que enfrentamos e carregamos em nossos corações pela vida afora! Quem nunca os teve? Do medo de arriscar e se ferir ao medo do ridículo. Uma linha frágil que separa a sanidade da loucura. Eu por mim mesma sempre arriscarei, mesmo diante do ridículo ou do pavor!
    Parabéns Geni Prado, texto rico em conteúdo e profundo que nos faz pensar e repensar nossa existência!
    Abraços
    Lu Chiabai

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